LER/DORT
PERGUNTAS ESSENCIAIS SOBRE LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS
1 – LER é doença?
Não. LER não corresponde a uma doença ou enfermidade. LER é a sigla de Lesões por Esforços Repetitivos. Que representa um grupo de alterações do sistema musculoesquelético (tendões, nervos, músculos, ligamentos, ossos, articulações, discos intervertebrais, entre outras estruturas). Essas alterações são decorrentes de sobrecargas mecânicas provocadas por esforços repetitivos realizados, geralmente, no trabalho. De acordo com as estruturas afetadas, podem ocorrer manifestações clínicas distintas e de intensidade variável; dor, dificuldade de movimentos, etc.
No Brasil, a sigla LER tem sido empregada em termos legais para designar afecções de sobrecargas no ambiente de trabalho.
2 – Por que o termo DORT?
O termo DORT, por sua vez, provém de DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO, tendo sido recentemente introduzido para substituir a sigla LER, basicamente por duas razões:
· Porque a maioria dos trabalhadores com sintomas relacionados ao sistema musculoesquelético não apresenta evidência de lesão em qualquer estrutura;
· Além do esforço repetitivo (sobrecarga dinâmica), outros tipos de sobrecarga no trabalho podem ser prejudiciais para o trabalhador como, por exemplo:
a) Sobrecarga estática (ou seja, o uso de contração muscular por períodos prolongados para manutenção de determinada postura);
b) Excesso de força empregada para execução de certas tarefas;
c) Uso de instrumentos que transmitem vibração excessiva;
d) Trabalhos executados em ambientes com temperaturas extremas;
e) Posturas inadequadas durante a realização de diversas tarefas laborativas.
Assim, o termo DORT torna-se mais adequado, pois abrange todos os sintomas e todas as espécies de sobrecargas biomecânicas em um cenário ocupacional, tal como fábricas, escritórios, etc.
3 – Quais são os problemas ocupacionais mais comuns?
Os problemas ou distúrbios osteomusculares ocupacionais mais comumente encontrados têm sido os seguintes:
· Tendinites (particularmente do ombro, cotovelo e punho);
· Neuropatias periféricas (principalmente a síndrome do túnel do carpo, que corresponde a um problema no nervo mediano na região do punho);
· Lombalgias (que são dores na região lombar);
· Mialgias (termo que corresponde a dores musculares) em diversos locais do corpo.
4 – Como se adquire LER/DORT?
LER/DORT geralmente ocorre quando um ou mais dos seguintes fatores de organização do ambiente de trabalho não são respeitados:
· Treinamento e condicionamento adequados;
· Local de trabalho saudável (piso, superfícies, barulho, umidade, ventilação, temperatura, iluminação, distanciamentos, angulações etc.);
· Ferramentas, utensílios, acessórios e mobiliários adequados;
· Intervalos apropriados;
· Posturas apropriadas;
· Técnicas para a execução de tarefas;
· Respeito aos limites biomecânicos (força, repetitividade, manutenção de posturas específicas por períodos prolongados).
Portanto, um ambiente de trabalho organizado minimiza a possibilidade do desencadeamento de um distúrbio musculoesquelético.
Convêm ressaltar que existem predisposições individuais que aumentam a possibilidade de um trabalhador desenvolver LER/DORT.
Diversas variações congênitas (quando a pessoa já nasce com o problema) do aparelho locomotor, enfermidades associadas, estresse, distúrbios psicológicos, sedentarismo, estilo de vida, entre outros, podem contribuir para o aparecimento de tais distúrbios.
5 – Quais são as ocupações ou os trabalhadores mais vulneráveis?
Qualquer tipo de trabalho, quando mal executado ou quando não respeita os limites biomecânicos dos indivíduos, pode desencadear uma forma de LER/DORT. Entretanto, observa-se na prática que esse tipo de problema ocorre com maior freqüência em operários de linha de montagem, auxiliares de produção, bancários e digitadores.
6 – O trabalhador com dor ou outro sintoma é sempre portador de LER/DORT?
Absolutamente não. Sintomas como dor, dormência, formigamento, sensação de pontadas ou agulhadas, diminuição de força, sensação de peso ou cansaço nos membros, inchaço, dificuldade de movimentação, desconforto, entre outros sintomas, podem ser decorrentes de diversas condições não-relacionadas a sobrecargas biomecânicas no ambiente de trabalho.
Muitos distúrbios reumáticos, imunológicos, hormonais, metabólicos, infecciosos, ou até mesmo diversos tipos de traumas não-ocupacionais podem ser responsáveis por sintomas que simulam LER/DORT.
Portanto, torna-se extremamente importante procurar um médico para a realização de um diagnóstico preciso e para a introdução de uma adequada estratégia terapêutica.
7 – Esses distúrbios são incapacitantes?
É muito importante “desmistificar” o prognóstico dessas enfermidades. Ao contrário do que alguns declaram, todos esses distúrbios têm tratamento e, felizmente, os casos mais graves ou que não respondem ao tratamento clínico podem ser beneficiados por procedimentos cirúrgicos e por reabilitação específica (FISIOTERAPIA).
8 – Como deve ser orientado o tratamento para LER/DORT?
O tratamento deve ser direcionado à correção das causas no ambiente de trabalho e à instituição de um plano terapêutico adequado. Diversas são as modalidades terapêuticas:
a) Fisioterapia;
b) Medicamentos;
c) Infiltrações
d) Órteses (acessórios para fins terapêuticos, como talas, protetores, cintas, coletes etc.);
As medicações mais comumente utilizadas são os antiinflamatórios não esteróides, que são empregados para o combate à dor e à inflamação.
Recentemente foram desenvolvidos antiinflamatórios eficazes e com baixa incidência de efeitos colaterais, sobretudo em relação ao sistema gastrointestinal.
9 – O estresse psicológico influencia o aparecimento ou o agravamento dos sintomas de LER/DORT?
Sim. Qualquer forma de estresse psicológico pode influenciar diretamente a percepção da dor ou de outros sintomas relacionados à afecção LER/DORT.
A ansiedade, a depressão e outros distúrbios psicológicos podem também gerar ou agravar a tensão muscular (que, por sua vez, gera contração e dor muscular).
Em muitos casos, o componente emocional tem sido o principal responsável pela perpetuação dos sintomas.
A boa relação médico-paciente, a satisfação com a vida, a motivação pelo trabalho e as convicções do indivíduo são ingredientes essenciais para o sucesso terapêutico.
10 – Como prevenir a ocorrência de LER/DORT?
Para se evitar qualquer manifestação de LER/DORT, a primeira recomendação consiste em criar um bom ambiente de trabalho, respeitando-se os limites de cada indivíduo.
A prevenção deve ser iniciada com a seleção adequada dos operários para a função a ser exercida, aprendizagem de técnicas, condicionamento e ensino de posturas apropriadas. A duração das jornadas de trabalho deve ser respeitada, assim como a existência de intervalos periódicos durante a execução das tarefas.
Todos os instrumentos, ferramentas, acessórios, mobiliários e postos de trabalho devem ser adequados às características próprias do operário, bem como às exigências do serviço a ser executado. Essa mesma preocupação se refere a posições, distâncias e angulações envolvidas.
Tudo isso somado a um adequado estilo de vida, com boa qualidade do sono, condicionamento físico e manutenção da saúde geral, proporcionará a qualquer trabalhador condições de executar suas tarefas laborativas com riscos mínimos de desenvolver algum distúrbio osteomuscular.
CONSULTE SEU MÉDICO E FAÇA SEU TRATAMENTO FISIOTERÁPICO CORRETAMENTE E BOA SAÚDE.
FISIOTERAPEUTAS
Dr. Marco Antonio A. Braga Crefito-3/ 21601-F
Dra. Christiane Andena Braga Crefito-3/ 23901-F