domingo, 12 de abril de 2009

QUANDO O SEXO FAZ MAL

Por Por Rocío Gaia/ Agência EFE

Nem sempre o sexo gera prazer, relaxamento e bem-estar. Muitas pessoas têm dor de cabeça antes, durante ou depois das relações sexuais, e há casos em que pode promover um quadro depressivo.

Assim como alguns remédios de eficácia e benefícios comprovados para o corpo ou a mente de quem os toma, o orgasmo e o ato do amor também podem causar alguns "efeitos colaterais" desagradáveis ou incômodos, e, às vezes, prejudiciais. Quase 1% da população costuma ter ao longo do ano, e pelo menos em alguma ocasião, uma dor de cabeça tanto antes, durante ou depois de manter relações sexuais.


A Sociedade Brasileira de Cefaléia (SBCe) indica em seu site que, segundo a classificação internacional de cefaléias, a atividade sexual é um dos fatores que podem desencadear dores de cabeça, dentro de um grupo de causas da dor que ainda são pouco compreendidas e, por isso, requerem exames cuidadosos.

A cefaléia associada ao sexo geralmente começa com uma dor nos dois lados da cabeça enquanto a excitação sexual aumenta, e o incômodo fica cada vez mais intenso até o momento do orgasmo, segundo informações do SBCe. A dor pode ocorrer tanto antes quanto apenas depois do clímax sexual.

O paciente desse tipo de cefaléia – assim como de outras cuja dor é intensa – costuma recorrer primeiro a um serviço médico de emergência, mas a SBCe recomenda uma investigação completa e detalhada do quadro de dor, com exames apropriados e consulta com um médico especialista em dores de cabeça.

Este problema pode ser aliviado ou reduzido com algumas mudanças no estilo de vida, como praticar exercícios físicos regularmente, perdendo peso e deixando o álcool e o fumo. Também existem remédios que ajudam a melhorar a situação, se a pessoa não se beneficiar destas medidas.

A dor da cefaléia sexual benigna costuma durar de um minuto a três horas desde seu início e vai aumentando – paradoxalmente – à medida que aumenta o prazer.

Tristeza do amor

De acordo com uma pesquisa espanhola, 45% das pessoas com dor de cabeça consideram que sua vida sexual é regular ou ruim, mas 13% afirmam que a cefaléia desaparece quando mantêm relações sexuais.

Em algumas pessoas, principalmente jovens, o sexo pode até desencadear uma depressão passageira, porque, durante o clímax, parece haver uma redução de atividade em uma região cerebral relacionada ao medo.

O psiquiatra americano Richard A. Friedman, especialista em depressão e transtorno bipolar, descreveu vários casos deste tipo, que costumam aparecer com certa frequência nas consultas de alguns psiquiatras e psicólogos ou sexólogos.

O especialista menciona os casos de pessoas em torno de 20 ou 30 anos que, após manter relações sexuais, sentem-se deprimidas durante um dia, experimentam um período de entre quatro e seis horas de depressão intensa e irritabilidade após o orgasmo ou que sentem uma depressão intensa durante várias horas após o sexo. Segundo Friedman, não é raro experimentar um pouco de tristeza depois do prazer sexual, embora os pacientes mencionados "sentiam um intenso mal-estar que durava tempo demais".

O psiquiatra encontrou uma possível relação entre a depressão pós-sexo e a química cerebral. Friedman lembra que, em 2005, o doutor Gert Holstege, da Universidade de Groningen (Holanda), utilizou uma técnica de diagnóstico por imagem denominada "tomografia por emissão de posítrones" para verificar o cérebro de homens e mulheres durante o orgasmo. Com isso, descobriu uma diminuição na atividade da amídala cerebral, a parte do cérebro que intervém no processamento dos estímulos que causam medo na pessoa.

Destaques

- A Sociedade Brasileira de Cefaléia (SBCe) indica que a atividade sexual é um dos fatores que podem desencadear dores de cabeça.

- Cerca de 45% das pessoas com dor de cabeça consideram que sua vida sexual é regular ou ruim, mas 13% afirmam que a cefaléia desaparece quando mantêm relações sexuais.

- Em algumas pessoas, principalmente jovens, o sexo pode até desencadear uma depressão passageira, porque, durante o clímax, parece haver uma redução de atividade em uma região cerebral relacionada ao medo.

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